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COMO A WEB3 IRÁ REVOLUCIONAR A INDÚSTRIA DO CINEMA

Indústrias criativas como as da arte, da música e do cinema sempre tiveram uma forte barreira de entrada e recompensas pouco atrativas para os produtores, com exceção é claro, dos grandes estúdios de produção.

Mas, ao longo dos anos, os avanços tecnológicos mudaram drasticamente a indústria cinematográfica. Com a internet e, mais recentemente, a tecnologia blockchain, estamos cada vez mais próximos de grandes transformações na forma como os estúdios irão produzir e distribuir suas obras.

Depois de dar grandes passos para o avanço da indústria da arte, os tokens não fungíveis (NFTs) estão prontos para mudar a forma como os filmes estão sendo financiados.

A web3 será uma grande evolução da internet, e a descentralização vai permitir que os detentores de NFTs participem do processo de desenvolvimento de um filme.

Neste artigo, abordaremos como a web3 irá revolucionar a indústria cinematográfica e proporcionar mais autoridade e conexão entre artistas e consumidores.

A ATUAL FORMA DE CONSUMO

Imagem: Pexels.

Hoje, a forma como consumimos conteúdo está mudando com o passar do tempo. Não esperamos mais pacientemente o lançamento de um filme, série ou algum programa de TV.

Já seguimos os artistas de nossos programas favoritos, discutimos sobre séries e filmes. Agora, teremos a oportunidade de fazer parte do desenvolvimento de uma produção cinematográfica, como essas que a gente vê na Netflix, Amazon Prime, Disney, entre outros canais. Já parou para pensar nessa possibilidade? 

Mas, antes, precisamos entender brevemente o sistema atual e como ele tem limitado o desenvolvimento de novos projetos, então bora lá!

OS GRANDES ESTÚDIOS FICAM COM BOA PARTE DOS GANHOS 

Imagem: Disney.

No sistema atual, os artistas não podem simplesmente vender seu trabalho diretamente para o seu público sem que tenha um intermediador. Isso significa dividir boa parte dos ganhos do seu trabalho com entidades centralizadoras.

A natureza “top-down” (de cima para baixo) da indústria significa que a maioria dos artistas – até os mais famosos – está à mercê de uma entidade central que pode ditar termos pouco atrativos em troca de fornecer uma infraestrutura para rentabilizar o trabalho do artista. 

O ARTISTA E A SUA AUTONOMIA LIMITADA

Imagem: Pexels.

Confiar em entidades centralizadoras (em qualquer indústria) também pode significar que os artistas estão submetidos aos caprichos das pessoas que irão lançar o seu conteúdo. 

É uma forma de limitar a criatividade de uma obra, pois, se não estiver de acordo com o que os grandes estúdios querem, muito provavelmente esse material não será  financiado. 

FALTA DE DIVERSIDADE PARA O PÚBLICO

Imagem: Pexels.

Isso conduz à questão final. Nós, o público, por vezes não observamos que o material final que chega pronto para a gente foi desenvolvido por uma minoria à qual poucos projetos têm acesso. Imagina a  quantidade de filmes que já foram rejeitados por simplesmente não estarem no padrão de produção hollywoodiano.

Em uma indústria que busca sempre o máximo de lucro, a diversidade acaba não tendo o devido valor, e isso é uma perda para todos nós amantes de filmes e séries. Podemos perceber então que a falta de propriedade digital pode ter um impacto negativo sobre artistas, estúdios independentes e o público. 

A VIRADA DE CHAVE NA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA DA WEB3

DEMOCRATIZANDO A CRIATIVIDADE

Imagem: InfoMoney.

Durante anos, os grandes estúdios de Hollywood determinaram quais histórias seriam contadas e como esse conteúdo seria distribuído. 

No entanto, graças a web3, esse cenário finalmente está começando a mudar. No modelo atual, os estúdios independentes sofrem com dificuldades para obter recursos financeiros. Mas, através da blockchain, agora será possível financiar filmes por meio de comercialização de NFTs.

Esse novo formato de financiamento permite que um número maior de pessoas invistam em filmes e, em troca, ganhem benefícios como fazer parte da produção, estar em contato com artistas e até mesmo obter direitos de propriedade intelectual sobre a obra. 

A possibilidade de possuir e controlar digitalmente qualquer tipo de conteúdo nos proporciona uma espécie de soberania digital.

Esse tipo de utilidade no mundo real nunca havia sido possível devido às formas tradicionais de financiamento cinematográfico e às rígidas estruturas de propriedade dominantes nos grandes estúdios. 

Os NFTs de filmes já estão chamando a atenção da indústria cinematográfica mundial. Eles concedem ao público não só a possibilidade de desfrutar do seu conteúdo favorito, mas também de dar oportunidades a novos atores, escritores e realizadores. Afinal, eles passam a ter acesso a fundos de uma comunidade de aficionados por cinema, tendo a oportunidade de dar vida às suas ideias cinematográficas.

Anndy Lian, Presidente da BigONE Exchange diz que, atualmente, os NFTs estão sendo vistos apenas como uma forma de arte e colecionáveis. Entretanto, muito em breve, cenas interativas de filmes serão vistas nas quais os espectadores poderão “caçar” NFTs, como a Netflix fez recentemente com a série de animação Love, Death & Robots. Isso levará o conceito de  utilidade para o próximo nível, segundo ele. 

A tecnologia permite uma ligação mais direta entre cineastas e audiências sem intermediários, tais como distribuidores e exibidores. 

Em resumo, os NFTs permitem que os artistas mantenham os direitos criativos e criem um veículo de financiamento perpétuo dirigido por apoiadores que realmente se preocupam com a história e que querem fazer parte dela. 

Imagina sentar na sala com familiares e amigos para ver um filme ou uma série e poder dizer que você fez parte do desenvolvimento, sendo um co-produtor(a). 

David “DC” Cassidy, fundador do estúdio de cinema Web3 Next Hollywood concordou que essas novas tecnologias podem ajudar a levar os criadores a “lugares onde menos esperaríamos”, bem como encontrar “novas vozes”. 

Ele também falou sobre como isso pode promover novas formas de envolvimento e interação com os espectadores, apontando para a série animada Stoner Cats, de Mila Kunis, em que os detentores de NFTs decidem diretamente o que acontece ao nível do desenvolvimento da história.

Outro exemplo é Arabian Camels, uma comunidade NFT que está desenvolvendo um filme de Hollywood chamado Antara, orçado em 50 milhões de dólares, baseado na vida do antigo cavaleiro árabe Antarah Ibn Shaddad. 

O “Antara Movie” irá beneficiar os detentores(as) de NFTs com a participação direta nas receitas de bilheteira e streaming do filme.

Exemplos como esses se tornaram cada vez mais comuns na indústria cinematográfica da web3. Porém, outros setores também se beneficiaram desse avanço. 

FESTIVAIS DE CINEMA

Imagem: Decentraland.

Os festivais de cinema também sofrerão impactos positivos, pois, no modelo atual, os eventos cinematográficos só são acessíveis para quem tem o poder aquisitivo de viajar até eles. Agora, com a web3, os filmes poderão ser exibidos com mais flexibilidade, tornando-os mais acessíveis a um público mais vasto.

Na 75ª edição do Festival de Cinema de Cannes (um dos mais mais prestigiados e famosos festivais de cinema do mundo) a “indústria cinematográfica da web3” esteve presente entre os assuntos mais comentados do evento. 

Como nunca antes na história do lendário festival de cinema, os ventos sopraram a favor da tecnologia, e muito se discutiu sobre como a blockchain poderá ajudar a revolucionar a indústria cinematográfica em termos de financiamento e mecanismos de distribuição, bem como trazer maior diversidade às produções cinematográficas.

A distribuição também está passando de plataformas sociais web2 para os próprios jogos. Um exemplo citado é o sucesso de shows realizados em Fortnite. Pode-se imaginar um futuro em que todos os lançamentos de filmes acontecem em Fortnite ou em alguma plataforma do metaverso, como Decentraland. 

Um exemplo: a empresa de portfólio BVP Makerspace recentemente fez parceria com a Decentraland para o lançamento de Break the Bars, um filme do diretor David Bianchi. 

NOVOS GÊNEROS DE FILMES

Imagem: Amazon.

Através da web3, estaremos expostos a novos gêneros da indústria cinematográfica. Já não estamos limitados às formas tradicionais de cinema, mas podemos agora explorar experiências e narrativas interativas que antes não eram possíveis. 

Essa nova era do cinema é uma ótima oportunidade para cineastas independentes que agora podem criar e distribuir o seu trabalho sem ter que passar pela burocracia do sistema tradicional de Hollywood. 

Estaremos sujeitos a ver mais filmes experimentais que fazem uso de tecnologias baseadas na web3, como a realidade virtual e a realidade aumentada. 

Esses novos gêneros de filmes irão proporcionar uma experiência mais envolvente e única ao usuário.

À medida que entramos nessa nova era da indústria cinematográfica, fica cada vez mais claro o oceano azul de oportunidades que irão surgir no desenvolvimento desse ecossistema. 

DAOS E O FINANCIAMENTO COMUNITÁRIO DE FILMES

Imagem: Beverly Macy.

 DAOs (organizações autônomas descentralizadas ou grupos com um tesouro compartilhado e estrutura de governança descentralizada) representam uma maneira de os criadores financiarem projetos em larga escala sem precisarem trabalhar com provedores de streaming ou estúdios centralizados. 

Algumas já surgiram com o objetivo de criar e financiar produções cinematográficas de Hollywood. Por exemplo, o DAO de Hollywood foi formado recentemente por ex-executivos e criativos de Hollywood para criar uma plataforma de financiamento baseada na comunidade para filmes e programas. 

Com onze membros iniciais na comunidade, a ideia é arrecadar dinheiro para financiar novos projetos através de drops NFT, expandir a comunidade para uma média de 5 a 10 mil membros, realizar vendas de tokens e formar uma estrutura de governança baseada na comunidade.

Embora a DAO tenha relatado que já tem um projeto no pipeline, no futuro, um criador de conteúdo terá a oportunidade de apresentar uma proposta de um projeto para ser enviado à comunidade. Após ler e considerar, a comunidade poderá votar se irá destinar ou não recursos financeiros para o projeto.

Ações como essa estão sendo desenvolvidas para que projetos possam ganhar vida sem depender de uma entidade centralizadora. 

Como tudo isso é muito novo, a ideia é que esse espaço seja discutido de forma democrática para que não só o mercado do entretenimento possa se beneficiar, mas todo um ecossistema que gira em torno da web3.

O BRASIL NA WEB3

Imagem: Abu badali.

Ao longo de sua história, o cinema nacional passou por diversas dificuldades, como o alto custo de produção e o baixo interesse de patrocinadores. Mas, através da blockchain, os NFTs podem ser a luz no fim do túnel para estúdios e produtoras brasileiras, já que agora o cidadão comum terá a oportunidade de colaborar financeiramente com projetos e ter a oportunidade de fazer parte. 

No Brasil, já vemos algumas movimentações em direção à web3, como a do estúdio de animação brasileiro Hype Animation que, em 2013, lançou a história do premiado curta-metragem Ed.

“Ed viveu uma vida extraordinária com mil vidas em uma. Ele era um ator de sucesso e desempenhou muitos papéis na vida, mas, mesmo tendo tudo que o dinheiro e a fama podem trazer, Ed ainda lutava com sua saúde mental”.

O filme conta com mais de 3 milhões de visualizações online e foi selecionado para mais de 100 festivais ao redor do mundo, recebendo 30 prêmios e reconhecimento internacional.

Agora, o estúdio brasileiro pretende desenvolver o longa-metragem de animação a partir da comercialização de NFTs como colecionáveis virtuais e utilidades reais.  

Segundo o CEO da Hype, Gabriel Garcia, os detentores dos NFTs terão como recompensa o direito a várias participações no filme, pois a ideia é que a criação do longa seja coletiva, através de interações com artistas do projeto e sugestões para o desenvolvimento.

Outra novidade interessante para o mercado brasileiro foi o lançamento de uma plataforma de venda de NFTs, a Kinobaum. 

O projeto foi idealizado pelo cineasta e produtor Marcos Seneor. Segundo ele, a tecnologia blockchain está revolucionando o mundo das transações, negócios e contratos. 

“A Kinobaum será uma loja de cenas de filmes, séries, videoclipes musicais, jogadas de futebol, manobras de skatistas e tantas outros gêneros em arquivos de vídeo”.

Atualmente o Brasil é o segundo maior mercado de NFTs do mundo, então certamente iremos nos  deparar com diversas inovações no mercado cinematográfico nacional, pois criatividade e diversidade é o que não falta no nosso país. 

ESTAMOS APENAS NO INÍCIO DA WEB3

Imagem: Pexels.

Tanto os criadores quanto os consumidores terão papéis cada vez mais participativos no futuro do conteúdo cinematográfico. 

Para os consumidores, isso pode significar participação através do financiamento de projetos iniciais, bem como através da capacidade de votar ou ter uma opinião sobre o conteúdo que é criado. 

Além disso, os consumidores podem literalmente ser capazes de se tornar ativos detentores de IP de conteúdo de uma maneira que nunca foi possível antes. 

Imagine um personagem sendo lançado como um NFT que um fã poderia comprar e usar para ter experiências relacionadas a ele.

Imagine ser um detentor do NFT de um personagem de animação original de uma série, que poderia desbloquear o acesso antecipado a novas experiências para os fãs do conteúdo ou servir como seu avatar em experiências no metaverso e atuar como uma certificação da sua participação inicial no universo narrativo da produção.

Para os criadores, isso significa um ecossistema mais aberto e acessível para criação e financiamento de conteúdo. 

Um criador poderia mintar um projeto e leiloá-lo através de um mercado online para obter financiamento de DAOs ou de pessoas que acreditam no projeto.

As DAOs podem ser cruciais para esse ecossistema, pois representam uma maneira inovadora de obter recursos financeiros para um projeto, que antes dependeria de grandes investidores ou provedoras de streaming.

A distribuição pode acontecer cada vez mais através da comunidade ou através de outros esforços de marketing financiados pela própria comunidade. 

Para projetos menores, os criadores também poderiam criar conteúdo em plataformas da web2, como o TikTok, que poderia, ao longo do tempo, atrair a atenção de uma base de fãs mais ampla. Em seguida, ela poderia estar disposta a apoiar o projeto pagando por conteúdo exclusivo através de um crowdfunding NFT.

Estamos apenas vendo o início de criadores e consumidores experimentando esse novo espaço.

À medida que as ferramentas melhoram, mais fontes de financiamento são criadas, e as preferências dos consumidores aceleram. As barreiras podem se tornar ainda menores para que criadores e consumidores participem do espaço cinematográfico e de TV. 

Pode ser que a nossa noção de “criadores” e “consumidores” mude à medida que mais usuários da internet se tornam partes interessadas e participantes em suas próprias experiências online.

A web3 ainda está na sua fase inicial, mas já está causando um grande impacto na indústria cinematográfica. 

Podemos esperar por mais projetos que serão financiados através da moeda criptográfica e da blockchain, bem como uma diversidade de gêneros de filmes novos e inovadores.

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Imagem de capa: Pixels.

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