Desde os anos 1990, quando as discussões sobre metaverso começaram a ganhar espaço, esse é um conceito com inúmeras interpretações e expectativas diferentes. Isso se intensificou muito nos últimos anos, com a pandemia (que deixou todos mais imersos no mundo virtual), o avanço da web3 e a publicidade em torno da Meta, de Mark Zuckerberg.
Mas, do ponto de vista da web3, o que é o metaverso? De que forma ele se assemelha e se distancia das propostas de grandes empresas com a Meta e da visão trazida pela mídia? Para responder isso, é preciso abordar 7 características do metaverso na web3. Veja quais são elas a seguir.
DUAS PROPOSTAS DE METAVERSO
De uma maneira bastante resumida, poderíamos dizer que o metaverso é o que vai caracterizar a nova cara da internet. Ela corresponderá a uma fase muito mais social, imersiva e economicamente sofisticada.
Mas existem duas propostas para fazer isso acontecer. Uma é descentralizada e preocupada com direitos de propriedade. A outra é centralizada, exatamente como a internet que conhecemos hoje, e sujeita a grandes corporações e suas formas de obter lucro.
Dessas duas alternativas, somente a primeira opção corresponde ao verdadeiro metaverso coerente com a web3. Vamos ver o porquê.
1. DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização é provavelmente o principal aspecto de um metaverso na web3, já que ela é essencial a essa nova fase da internet. As plataformas centralizadas ficam sob o poder de poucas empresas, que as governam para alcançar seus próprios objetivos. Com a descentralização, todos podem ser independentes, e a comunidade pode construir junta.
2. DIREITO DE PROPRIEDADE
A melhor forma de explicar esse ponto é a partir dos novos formatos de games NFT, como os jogos play to earn. Na web2, quando um jogador compra um item de um jogo, ele não pode revendê-lo, e o jogo pode mudar as regras sobre essa “posse” a qualquer momento. No metaverso da web3, somos plenamente donos de tudo o que adquirimos virtualmente.
3. IDENTIDADE AUTOCONTROLADA
Além de possuir itens, precisamos, acima de tudo, possuir a nós mesmos. Nossa identidade não deve ficar sob o cuidado de terceiros. Hoje, as empresas coletam e usam nossos dados para vendê-los com a finalidade de nos mostrar anúncios. Na web3, carteiras digitais permitem que nossa identidade seja autenticada na internet sem correr esses riscos.
4. INTEROPERABILIDADE
Os serviços no metaverso da web3 devem ser interoperáveis. Isso significa que eles devem se comunicar bem entre si e permitir o intercâmbio de informações e itens. Só assim as nossas propriedades não vão ficar presas dentro de uma plataforma. Para isso, os códigos precisam ser compatíveis e compartilhados. As finanças descentralizadas (DeFi) fazem isso muito bem.
5. CÓDIGO ABERTO
A interoperabilidade é impossível sem código aberto, que consiste em torná-lo disponível gratuitamente e permitir que seja usado e alterado livremente. Com o compartilhamento dessas informações, as regras ficam mais claras para os usuários, e os desenvolvedores podem criar soluções melhores e mais rápidas, pois não é necessário que cada um comece do zero.
6. PROPRIEDADE DA COMUNIDADE
A web3 é baseada no poder da comunidade. Todas as pessoas envolvidas em um metaverso de web3 devem ser capazes de participar da governança e tomada de decisão sobre ele, com uma voz proporcional ao seu envolvimento no projeto. Para isso, foi essencial o desenvolvimento da blockchain e dos tokens. As DAOs são o grande resultado desse processo.
7. IMERSÃO SOCIAL
Este é um ponto central na diferença entre o que o metaverso realmente é e o que a mídia e as big techs tentam passar. Dispositivos de realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV) podem ser recursos para a imersão no metaverso, mas eles não são necessários!
O que o metaverso precisa é de imersão social, e isso quer dizer que você deve conseguir estudar, trabalhar e se divertir com seus colegas e amigos; fazer compras; se entreter; etc. Mas você pode fazer tudo isso sem nenhum hardware de RA ou RV.
Basta olhar para jogos como The Sandbox e Decentraland, que já proporcionam essas experiências sem nada disso. Em um certo grau de desenvolvimento, essas interações já podem ser conseguidas até mesmo a partir de ferramentas simples, como o Telegram ou o Discord.
CONCLUSÃO
Um metaverso com todo o seu potencial não pode existir sem os avanços trazidos pela web3. Portanto, qualquer proposta de metaverso que não conte com as 7 características listadas anteriormente não pode ser encarada como um verdadeiro metaverso e deve ser vista com desconfiança e ceticismo.
A imersividade proporcionada pela RA e pela RV não é um problema, pelo contrário. Elas são ferramentas que ajudam na imersão. Ajudam, mas não a definem. A evolução do uso dessas ferramentas vai aumentar naturalmente e será bem-vinda. Mas não é isso o que vai dizer se estamos ou não construindo o metaverso.
Antes de mais nada, precisamos pensar na construção de um metaverso que seja democrático e garanta a nossa liberdade, desenvolvimento e bem-estar. Senão, podemos correr o risco de caminhar para distopias sobre metaverso como as de filmes como Jogador Nº 1.
E aí? Ficou surpreso com esse tema ou já estava por dentro dessas preocupações? Se você gostou deste artigo, continue acompanhando mais conteúdo da P2E CREW sobre metaverso, jogos play to earn, NFTs, web3 e muito mais. Também participe do nosso Discord e nos siga nas nossas demais mídias sociais.
Este texto é baseado no artigo 7 essential ingredients of a metaverse, de Liz Harkavy, Eddy Lazzarin e Arianna Simpson, para a Future.